DONDE REPORTAMOS


Um ano após a chegada da pandemia na Amazônia, a situação se tornou ainda mais dramática para as populações indígenas e comunidades tradicionais. A região também se tornou foco de variantes e mutações da covid-19, expondo riscos ainda maiores para as populações e o meio ambiente. A maior floresta tropical do mundo está, hoje, mais perto do ponto de não retorno.

O desmonte das instituições fiscalizadoras que atuam na proteção ao meio ambiente e às populações, somado à tragédia da covid-19, estão tendo grande impacto na destruição da floresta e na morte de indígenas, quilombolas, ribeirinhos, camponeses agroecológicos e moradores das cidades. A negligência de parte dos governos da região também abriu espaço para o aumento das atividades ilegais, que avançaram em áreas que deveriam ser protegidas. 

Devido aos riscos de contaminação por covid-19, o trabalho em campo das organizações socioambientais e de direitos humanos foi reduzido, o que também abriu espaço para o avanço da grilagem de terras, do desmatamento e do garimpo ilegal, assim como para a violência contra povos da floresta e camponeses agroecológicos. Várias lideranças, que conduziam seus povos na luta pela conservação da floresta, morreram de covid-19, o que também minou a capacidade de resistência de aldeias indígenas e comunidades quilombolas e ribeirinhas, assim como de assentamentos agroecológicos. A situação é muito grave. Superada a pandemia, os danos causados na Amazônia podem ser irreversíveis.

Comitê Consultivo Amazon RJF

Chamada especial de propostas

Em resposta ao grave impacto da pandemia, o Amazonia Rainforest Journalism Fund (RJF) e o Pulitzer Center estão abrindo um novo edital para bolsas de reportagem.

Jornalistas, editores e organizações de mídia independentes são convidados a enviarem suas propostas. Serão consideradas principalmente histórias baseadas em reportagens colaborativas, que incluam  jornalistas locais e/ou indígenas, tendo em vista as restrições de viagens e riscos à saúde impostas pela pandemia.

Estimulamos projetos que façam a convergência dos impactos causados pela intersecção entre a covid-19, desmatamento e outras ameaças críticas para a região. As reportagens devem destacar as vozes locais e ter uma boa estratégia de veiculação, capaz de contemplar tanto os veículos locais quanto nacionais e internacionais. 

Devido à impossibilidade sanitária de chegar a terras indígenas e alcançar outras populações tradicionais vulneráveis, torna-se ainda mais importante fortalecer o jornalismo local, assim como o praticado por jornalistas indígenas, quilombolas, ribeirinhos etc, uma das metas do Amazônia RJF. Projetos que contemplem a associação da imprensa e agências de jornalismo investigativo nacionais e internacionais com jornalistas locais e jornalistas da floresta terão prioridade.

As propostas para esta chamada especial devem ser recebidas até 15 de abril.

Sugestões para nortear as propostas:

  • Projetos associados à imprensa local e jornalistas indígenas, quilombolas, ribeirinhos e outras comunidades tradicionais ou locais terão prioridade.
  • Os projetos podem incluir o uso de dados, multimídia ou outros enfoques inovadores.
  • É recomendável que as propostas tenham ampla distribuição e incluam pelo menos uma carta de compromisso de uma organização de mídia nacional ou regional.

 IMPORTANTE: Em função da grave situação da pandemia na Amazônia, do surgimento de variantes da covid-19 e do forte risco à  saúde das populações locais, o comitê não aceitará propostas que envolvam a entrada de jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas em terras indígenas e territórios de populações tradicionais, assim como em áreas em que vivem populações vulneráveis, mesmo se a convite de governos e/ou de membros das comunidades. Essa restrição será mantida até existir segurança sanitária para a presença física de profissionais da imprensa. Casos especiais, respaldados por documentação que garantam a segurança das populações e dos profissionais envolvidos, serão analisados pelo comitê.

Para assistir à gravação do webinar Amazônia RJF, Ojo Público e Repórteres Sem Fronteiras sobre cobertura remota da Amazônia em tempos de pandemia, veja abaixo:

Eligibilidade: As bolsas estão abertas a todos os jornalistas, escritores, fotógrafos, cinegrafistas e produtores de rádio ou TV ; jornalistas contratados bem como freelancers de qualquer nacionalidade residentes nos países amazônicos. Equipes de profissionais também podem se inscrever e indicar o líder que fará a inscrição em nome do coletivo. 

As inscrições podem ser enviadas em espanhol, português ou inglês. As reportagens podem ser feitas em qualquer idioma. O comitê editorial selecionará um número limitado de projetos que atendam aos critérios do edital. Buscaremos equilíbrio entre projetos de língua portuguesa e espanhola.

As inscrições devem ser enviadas por meio do formulário no link abaixo. O formulário requer as seguintes informações:

  • Descrição do projeto (máx. 400 palavras): pauta; relevância; metodologia (detalhes sobre coordenação, reportagem, edição). Nesta descrição, o candidato precisa deixar claro como vai realizar a pauta e alcançar o seu objetivo;
  • Plano de segurança (se aplicável): mitigação de risco (saúde, segurança física) para o jornalista e as comunidades envolvidas no projeto;
  • Estratégia de veiculação (máximo de 200 palavras): plano de publicação e parcerias de mídia; 
  • Estimativa de orçamento preliminar: descrição básica dos custos;
  • Dados do jornalista que lidera o projeto: informações de contato, currículo, três exemplos de trabalho e três referências profissionais. Cartas que atestem a comprovada capacidade profissional do candidato são importantes;
  • Dados da equipe: descrição das funções, qualificações profissionais e currículos, quando for possível;
  • Cartas de compromisso de mídia ou editores parceiros interessados. Pelo menos uma delas deve ser de um meio de comunicação nacional ou regional;
  • As inscrições também podem incluir uma descrição mais detalhada do projeto (opcional).

Deadline: 15 de abril

Orçamento: Valor máximo de referência até US$ 5.000 para as bolsas, considerando que os projetos não terão despesas de viagem. Excepcionalmente, dependendo das características da proposta, serão analisados valores maiores para as bolsas. 

Os orçamentos serão avaliados caso a caso e podem incluir, por exemplo:

  • Honorários de jornalistas locais
  • Custos de edição/coordenação em equipes de freelancers
  • Contas de telefone
  • Acesso à internet, inclusive em áreas não urbanas, desde que seja justificável para a investigação
  • Em alguns casos, custos de aluguel de equipamentos para jornalistas de povos indígenas e/ou populações tradicionais
  • Custos de produção multimídia, vídeo, áudio, dados.
  • Multimedia, video, audio, data production costs.
  • Custos de coleta e análise de dados 

Nos projetos aprovados, metade do valor da bolsa é paga antes do início da reportagem e o restante após o envio do material principal para veiculação. 

Cronograma de inscrição: No prazo de uma semana após a sua inscrição, o candidato  receberá uma confirmação. O deadline do recebimento das propostas é 15 de abril. Os candidatos selecionados serão notificados em 30 dias.

Deadline: April 15.

Clique aqui para enviar uma inscrição.

Apoio institucional: Agencia EFE.

Contato: Verónica Goyzueta ([email protected])