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Reportagem Publication logo Setembro 23, 2020

Site Multimídia: Cortina de Fumaça

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Image by Flavio Forner. Brazil, 2019.
Inglês

From arson caused by large loggers to the use of fire for subsistence in traditional communities, a...

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Brigadeiros do ICMBio arriscam a própria vida ao entrar na Floresta Nacional do Tapajós em busca de incêndios florestais. Imagem de Flavio Forner. Brasil, 2020.
ICMBio brigadiers risk their own lives by entering the Tapajós National Forest in search of forest fires. Image by Flavio Forner. Brazil, 2020.

Durante meses, uma equipe multidisciplinar formada por jornalistas, fotógrafo, designers, desenvolvedores e programadores, mergulhou nos dados de fogo e desmatamento na Amazônia e realizou entrevistas com uma dezena de cientistas de diferentes instituições, além de viajar à região do Baixo Rio Tapajós, no Pará (antes da pandemia de covid-19). O resultado é uma das documentações jornalísticas mais completas publicadas recentemente no Brasil sobre a intrínseca relação entre os dois eventos – ambos causados por ação humana na úmida floresta tropical.

Para tornar a cobertura mais completa, realizamos uma análise em nível de imóvel rural, baseada no cruzamento de dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR) com os dados de densidade de fogo (BDQueimadas, Inpe), com foco nas quatro municipalidades que mais desmataram em 2019: Altamira e São Félix do Xingu, no Pará; Porto Velho, em Rondônia; e Lábrea, no Amazonas (leia mais em metodologia). A análise evidencia que estes quatro municípios também são os que mais queimaram no período em toda a Amazônia – o que reforça a relação entre fogo e desmatamento – e que, nessa categoria fundiária, 72% dos focos de calor nas localidades analisadas aconteceu em imóveis rurais médios ou grandes.

Estes resultados são extremamente relevantes, pois contrapõem a narrativa de representantes do atual governo, que têm sistematicamente responsabilizado os pequenos agricultores das populações tradicionais amazônicas pelos incêndios florestais, versão que não é corroborada pelos dados. Ainda que os agricultores familiares façam uso de pequenas queimadas controladas no plantio de subsistência e que estas possam, sim, escapar para áreas de floresta, nossa ampla apuração demonstra, de maneira clara, que os incêndios recentes na Amazônia guardam profunda relação com a intensificação do desmatamento.

Por fim, para diferenciar os tipos de fogo na Amazônia, recorremos mais uma vez à ciência e criamos ilustrações que destacam o uso de queimadas em cenários distintos. Dessa forma, destrinchando dados e nuances de um tema complexo como o fogo, esperamos contribuir para a desconstrução de narrativas distorcidas, que buscam confundir e desinformar. Este nos parece ser um caminho bastante necessário para o jornalismo brasileiro nos dias de hoje.

Veja o site multimídia completo na Ambiental Media.