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Projeto Junho 4, 2021

Gigante da alimentação usa jagunços para atear fogo e expulsar moradores das terras que tem interesse

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O Grupo Maratá, gigante sergipano de alimentação com forte atuação no nordeste brasileiro, especialmente no Maranhão, há anos utiliza uma estratégia controversa, para dizer o mínimo, para adquirir terras produtivas naquela região do país: a empresa contrata jagunços para intimidar e expulsar povos tradicionais de suas terras ancestrais sobre as quais o grupo tem interesse, principalmente para implantar o monocultivo de soja. Algumas das principais formas de intimidação são ameaças de morte e tiros dados nas portas das casas e nas árvores dos quintais das pessoas. Para concretizar a expulsão, os jagunços ateiam fogo nas casas, plantações e alimentos armazenados.

Em agosto de 2019, um desses ataques, realizado no município de Timbiras, Maranhão, deixou um morador morto por infarto agudo, centenas de pessoas desabrigadas e um cachorro de estimação assassinado por um dos jagunços com tiro de arma de grosso calibre. Quatro jagunços foram presos – três deles usavam uniforme da empresa –, mas foram soltos pouco tempo depois. A reportagem pretende mostrar os meandros dessa estratégia violenta de apropriação de terras em diferentes municípios do Maranhão, quais os impactos para a vida dos povos tradicionais violentados e o resultado das investigações – ou da falta delas.

As áreas de atuação violenta da empresa encontram-se em municípios da Amazônia maranhense, como Timbiras, Coroatá e Codó. São áreas onde o agronegócio nacional, aliado aos interesses de empresas transnacionais, projetam zonas de expansão da fronteira agrícola principalmente para o monocultivo de eucalipto destinado à mineração e siderurgia, e soja, produzida para exportação.